Estranho. Era tudo o que me parecia quando o despertador tocou. Não sei o que foi, mas alguma coisa parecia invasiva. Não era ansiedade e nem o peso das responsabilidades chegando, não por enquanto. Depois de me levantar e tomar meu café, me peguei lembrando do meu primeiro dia de aula e bem, parecia ontem que eu arrumava minha mochila pequena para o meu primeiro dia de aula, aos seis anos. Mas diferente daquele dia - em que a ansiedade e a felicidade era tamanha - hoje, eu não estava tão contente. E não triste, apenas "estranha". Mas no momento com que a sutileza das lembranças me vinha à memória, aos pouco foi me alimentando as esperanças. Solenemente. E pensei: É surpreendente ser aluna e não só pelo fato de aprender com os professores, mas a magia que se dá em todos esses anos, aos redores da escola, dos amigos que vão e vem e outros que permanecem para sempre. Das brincadeiras, dos sorrisos, da forma esperta de alguns e das dificuldades de outros, e de todas as coisas que foram extremamente importantes para a minha construção. Bom, alimentada de café e esperança (bom, era o que parecia), peguei meu guarda-chuva e minha mochila. Enquanto caminhava, a chuva ia amenizando a estranheza do tempo cinza que fazia ao meu redor e dentro de mim. Chegando na escola a harmonia parecia em paz. Era um dia típico de primeiro dia de aula. O estranho parecia sumir em meio a abraços e conversas. Mas nada parecia ter mudado ali, mas eu sei que algo mudou, mesmo que a ficha não quizesse cair, enfim, eu estava no terceiro-ano e que aquelas seriam as pessoas com quem eu conviveria por mais um ano, apenas. Estranho. É, isso tudo, mesmo que todo aquele filme - logo de manhanzinha - de toda minha trajetória escolar tivesse passado pela minha cabeça. Quando eu estava na sala, todas as palavras dos professores de força e persimismo para com esse ano ainda não conseguiam me conformar. Isso pode soar um pouco de drama, mas não era. Mesmo que a maioria eu conhecesse, as pessoas pareciam estar sentindo como eu. Mas eu permanecia tranquila. Depois de muitos professores manifestarem suas palavras, eu ainda esperava a minha aula preferida (português), não pelo fato de gostar apenas da matéria, o professor não só é bom no que faz, mas é inteligente na sua maneira de ser e eu sempre admirei a forma como ele vê as coisas e a maneira como ele, mestremente nos orienta. E foi de se esperar, ele me surpreendeu mais uma vez. E acredito que não foi só a mim. Depois que ele encerrou a conversa, me virei para o lado e minhas amigas sorriam sastifeitas, devido a grandiosidade tamanha do exemplo. Bem, não só eu, mas elas também tinham gostado. Vi forças surgindo em minha volta e acredito que não foram apenas as minhas. A certeza é que a força de vontade, me cabe ali, naquele instante. A vontade é apenas de aproveitar cada segundo, sendo elas oportunidades vastas ou não. Foi isso o que eu trouxe para casa. E mesmo que a conformidade não se adapte e que eu me ache ainda "pequena" demais para encerrar essa fase, a gente acaba se acostumando. E aos poucos o que era era estranho, de repente foi passando.