30 de maio

Dois anos. Duas pessoas e um mesmo amor. Não me sinto mal por ter entrado tão nova em um relacionamento. Das experiências, foi e é a mais bonita. Tão longe se passou - Perca de tempo, ou algo do tipo - Sempre foi regrado, com desejos a parte e uma porção de pensamentos atordoados e felizes - complementares - de mim mesmo.

Todas às vezes que pego o livro Um dia pra ler, vejo as cartas que Dexter e Emma (personagens do livro) escrevem um para o outro e sinto vontade de te escrever. Ás vezes me perco da leitura e os meus pensamentos são direcionados a tudo que eu queria te dizer, e logo depois corro pra caixa de e-mail para te entregar algumas palavras. Como aquele outro e-mail que te mandei, lembra? Mas te confesso que as palavras que eu pensei em te escrever agora estavam bem melhores enquanto eu pensava.

Por isso, pensei em te escrever um poema e vejo que o seu nome não rima com muitas coisas. E se por vez colocasse amor, soaria um pouco com dor - e não é bem isso o que eu quero dizer.

Mas resolvi falar de nós. Nosso amor é daqueles que não estão prontos para dizer adeus, e se por falha de um destino que deu/dá tão certo soasse despedidas, consequentemente estaria bem, à posta que tudo intenso foi, e que sempre desejamos ser um para o outro à todo momento - sobre despedidas com grandes chegadas, e sobre total entrega e cuidado do nosso amor.

Ter alguém para pensar, fazer planos, compartilhar sonhos, construir história, colecionar sorrisos - para chegar depois e ter o que contar, é brevemente tudo o que há de mais bonito se me perguntassem quais as melhores coisas construídas até aqui. E que serão daqui, para uma vida inteira - vividas ou levadas comigo, para sempre.


Te vi nas canções
Desenhei nossos planos - antes mesmo de chegar.
Você esteve tão lindo.
Acostumei com seus disfarces e suas desculpas.
Quiz me afastar, mas só me aproximava.
Tive tempo, te esperei.
Costumávamos dar as mãos em primeiros encontros e tudo era
meio (tão) fantasioso - até que tudo permanecesse no lugar.
Até que nossos encontros fossem um só.
E não teria sido nada completo se não fosse os nossos desencontros,
pois os desvios descontraídos me trouxe você.


Saiba que antes de dormir eu penso em você. No seu topete bizarro, nas suas barbas mal feitas. No seu nariz de pinóquio e no seu jeito engraçado de sorrir e brincar com tudo. Vejo você me esperando no altar, um pouco atrapalhado, claro, e fico desejando que os nossos planos deem uma andada por aí - por um futuro próximo. Mas se for distante, que seja feliz. Não seja por isso, gosto da pessoa que é, e até digo que se não fosse meu namorado, seria meu grande amigo. Ora bolas! Por que estou dizendo isso? Você deve estar fazendo cara feia agora, até porque esse lance de amizade pra você é uma questão que não caberia em planos futuros/sorrisos. A não ser que eu seja sua mulher, com um monte de filhos barrigudinhos e um cachorro grande e peludo derrubando a casa.

Saiba também que essa não é a única maneira que me pego pensando em você/sorriso. Gosto de estar com você, e me sinto feliz ao seu lado.

Eu te amo,
Ana

Olhares de céu

Haviam tolos que eram loucos. Falavam de tudo, quase nada, e gritavam socorro. Socorros esses, que me chamavam atenção. Socorros sem barulhos, por sinal. Almejavam ser o que as pessoas queriam que fossem. Abriam histórias mal terminadas, enquanto no silêncio a alma fazia barulho. Haviam olhos frios e cortantes.

Quando me formulei a dizer que "haviam", me dediquei como se meu olhar de um modo deixasse para trás aqueles olhos gritantes que por sinal, eram frios.
Dediquei a  escrever sobre os poucos e bons, num dia desses. Sobre almas mútuas intermináveis. Sobre castigos de olhos nublados, e sobre "olhares de céu". E nesses olhares, avisto sentidos diferentes, logo que gritam. Deveria dizer dos anjos que me deparo, e da sutileza com o que eles se vestem... Se vestem portanto de alma, e coração. Somente sei do que os olhos de céu dos mesmos transmitem, e da paz que sinto quando  encontro-os.

Não haveria de dar abraços físicos, e estar diante deles para saber de suas existências. Há espaço entre uns e outros, e na mesma distância de uns ou na mesma proximidade de outros, sinto-os do mesmo modo. Da conformidade das palavras que abrangem me o interior: um olhar em meus olhos. Conheces a si mesmo, e sobressai mudando um pedaço de céu do mundo de outro alguém, para que em troca: uma troca de sorrisos e verdades explícitas. Geram me aflição se outrora fogem. Haviam vários mundanos de pouco silêncio, e muito barulho. Até que me permiti sentir, para que sem perceber estar sob olhares de céu. Somos alinhados na simetria mais correta, sobre barulhos e confusões, enquanto chega silêncio presença de anjos contorno lunar, com aconchegos de nuvens e de luz como as das estrelas. Tudo condiz a caminhar na mesma simetria, se conheces a si mesmo, enquanto te tornas a compreender o outro. Caso pudesse ver anjos de olhares de céu, poderiam sair do que haviam e almejam ser, e ser o que é. 

Aqui dentro, céu



O céu é uma linda canção de silêncio,

que a gente se entrega, sem saber dançar.
Sei das estrelas, como sei amar.

Céu é morada, que não bate na porta.
E vem sem avisar.

Conto com as pontas dos dedos as estrelas

mais bonitas, nasce à verruga do sorriso,
e tudo parece bailar.

De alguma forma (aqui dentro), eu vejo
uma alma bonita, que também chora.
Mas sem demora, me vejo alegrar.

Céu ofuscante que em mim dorme.
De noite e de dia, parece calar.

 
Me afaga o peito, quando me devoro

Por inteira, e por entrega.
Sinto luz, como se fosse lua.
Sinto noite, se ora tristeza chegar.

Não sinto nada
Se o céu por ventura vai embora
(dentro de mim)