Tão perto


Hoje senti vontade de te ligar. Conversar sem se importar com o que passou. Senti saudade apenas de ouvir você dizer, que mesmo longe, esteve sempre comigo. E te ouvir decifrar cada silêncio contínuo dessa “distância”, com seu jeito insuportavelmente incrível. “Insuportavelmente melhor, e pior amigo de todos”. No fim me dou conta, que você nunca está longe o suficiente para que eu possa sentir saudade. E de repente tudo passa, na mesma intensidade que tudo quer estar; tão perto.

Alma


É preciso desapontar a tristeza. 

Às vezes precisamos fazer algumas malas. Encaixotar algumas coisas e engavetar algumas memórias. É preciso correr de encontro ao vento contrário. É preciso sentir os pés no chão e alçar vôos, ainda que as asas sejam disfarçadas por nossa imaginação. É preciso revitalizar o brilho, colorir os tons de cinzas e preencher os vazios. É preciso percorrer no tempo. É preciso ser pássaro e canção. É preciso silenciar, pois as maiores descobertas estão dentro de nós mesmos. É preciso varrer a alma, pois a poeira vazia sempre está nos cantinhos mais escondidos. Lá, bem no fundo da alma!

Chegada


Eu quero estar de mãos atadas com você
Quando a saudade se desvencilhar da gente
Quero rir do seu jeito atrapalhado
Do seu cabelo bagunçado.

E sentir tão sua
Tão nuvem
tão lua.
Quero ser o seu universo,
o centro da sua atenção.

Deitar no seu peito
Redondilhar as canções
que eu nunca escutei
nem mesmo vi
Sabendo só do palpitar que vem...
Mas é que
Hoje eu vou soltar sorrisos por aí
Amanhã você vai estar aqui...
- tão perto, bem perto de mim!

Sinto


O que mais posso querer, se estar sobre um céu azul de brigadeiro é o que me faz mais feliz? O tempo está escorrendo pelos dedos e ainda não inventaram asas para acompanhá-lo. Algumas palavras querem saltar nesse momento e a única maneira que eu encontro é a de me sobressair sobre as entrelinhas. Não gosto de esperas, as únicas esperas que valem realmente à pena são de abraços em inesperadas surpresas, a lua de um fim do dia, um beijo, um riso que culmina o estômago, um amor que há mesmo de vir - nem que isso custe algumas lágrimas para tê-lo de volta - à uma memória inesperada em "por acasos", enfim. Gosto apenas de sentir e saborear o gosto agridoce que as coisas simples têm. E sinto, apenas por sentir, por apenas viver, e por isso; vivo! Das maneiras mais certas e incertas, entre sabores e dissabores. Me tomo um pouco à palavra, mas hoje estou me sentindo um pouco Fernando Pessoa. (E quem nunca se sentiu assim?) Sentindo-me doce, tanto quanto sua ternura de mostrar o simples em toda magnificência das suas palavras. Pois sinto que sou o cumprimentar dos olhos no admirar. Porquê às vezes...

“... Ouço passar o vento;
e só de ouvir o vento passar, vale a pena ter nascido.”
(Fernando Pessoa)