Sinto


O que mais posso querer, se estar sobre um céu azul de brigadeiro é o que me faz mais feliz? O tempo está escorrendo pelos dedos e ainda não inventaram asas para acompanhá-lo. Algumas palavras querem saltar nesse momento e a única maneira que eu encontro é a de me sobressair sobre as entrelinhas. Não gosto de esperas, as únicas esperas que valem realmente à pena são de abraços em inesperadas surpresas, a lua de um fim do dia, um beijo, um riso que culmina o estômago, um amor que há mesmo de vir - nem que isso custe algumas lágrimas para tê-lo de volta - à uma memória inesperada em "por acasos", enfim. Gosto apenas de sentir e saborear o gosto agridoce que as coisas simples têm. E sinto, apenas por sentir, por apenas viver, e por isso; vivo! Das maneiras mais certas e incertas, entre sabores e dissabores. Me tomo um pouco à palavra, mas hoje estou me sentindo um pouco Fernando Pessoa. (E quem nunca se sentiu assim?) Sentindo-me doce, tanto quanto sua ternura de mostrar o simples em toda magnificência das suas palavras. Pois sinto que sou o cumprimentar dos olhos no admirar. Porquê às vezes...

“... Ouço passar o vento;
e só de ouvir o vento passar, vale a pena ter nascido.”
(Fernando Pessoa)

4 comentários:

Gugu Keller disse...

Cada segundo é sempre simplesmente tudo.
GK

Anônimo disse...

Sabe, essas palavras me fizeram pensar no que já estamos cansado de ouvir, "viva cada momento como se fosse o último", e em "Sociedade dos Poetas Mortos", o filme clássico sobre aproveitar o momento, "carpe diem", que inclusive o filme sabe ressaltar muito bem o que seria aproveitar o momento, e me fez pensar, de modo que chego a simples conclusão, a conclusão de que não vivo à procura da felicidade mas à procura de fortes emoções, e sinto, ah como sinto!

Os melhores textos são os que nos fazem pensar. Muito bom Luiza!

Abraço.


tercerapessoa.blogspot.com

Inercya disse...

Definindo o texto em uma palavra: sutileza. Me fez sentir tudo o que você sentiu e sente. Belo pensamento. :)
:*

Yasmin disse...

Como você mesma disse, quem nunca se sentiu meio Fernando Pessoa, né? Achei teu texto de uma leveza tão grande que me senti confortável ao lê-lo.
Há quanto tempo não venho aqui, não? Não vou me perdoar por ter deixado tuas postagens passarem por mim sem que eu as tenha lido... Desculpa, Ana!
Beijos.

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