"Como nuvens pelo céu Passam os sonhos pormim. Nenhum dos sonhos é meu Embora eu os sonhe assim. (Fernando Pessoa)
Gosto
de me aventurar quando olho o céu, a busca é interior e ando sempre
encontrando neleuma maneira de me abrigar, e hoje, foi assim,
diferente.
Era
eu e minha visão particular das nuvens. Da janela, o céu brindava
repentinamente e solenemente. O dia ia se pondo, conforme andávamos (no carro) de volta para a nossa cidade. E a lua branca, ainda vestida de nuvem apontava
também lá no alto. A mágica de sorrir despertava a
curiosidade do universo. Do meu universo. As montanhas eram serras similares às curvas
dos meus sonhos, e lá no alto, parecia ser o alcanço das mãos de Deus.
Eu olhava todo o capricho e cuidado com que Ele (Deus) teve para com que
os meus olhos, diante de uma exuberante arte natural, fizesse, com que de repente, deslumbrasse um
sorriso, que transparecia pelos olhos. Pelos meus olhos. Eu anunciava algumas vezes que era
lindo o pôr do sol. O mocinho (menino grande) ao meu lado, mesmo desprentensioso e preguiçoso concordava e
achava engraçadinho minha maneira de olhar lá fora. Nós sorríamos e era
gostoso a troca dessa magia. Fiquei com vontade de parar ali mesmo e
esquecer do mundo por fora das montanhas. Aliás, eu queria subir ao topo delas. Bem, eu não pude parar, eu não
conduzia a viagem, nem mesmo tinha o controle sobre o volante. Mas tudo bem, nunca tinha sido tão belo e prazeroso uma volta de viagem. Onde meus olhos - pela janela do carro - fitavam o inesquecível registro. Sem pressa para o fim da viagem, eu ia observando. Em meios as risadas, entre as companhias de assento, eu não desviava o olhar. A cidade pareceu tão perto. Por pouco não percebi que estávamos próximos de chegar. E logo na chegada da cidade pequena, onde já se podia ver as primeiras pontas dos poucos prédios, ia ficando por de traz deles as montanhas com suas curvas similares, o encerrar do dia e o sol que ia despindo em toda sua grandeza e magnificência. Eu, parecendo criança, dei logo
um aceno breve de despedida ao sol. Sorri leve. Me senti mais próxima de Deus e de
mim mesmo. Me permiti o universo. E de repente, meu pequeno mundo se tornou grande e fantástico. Eu
tinha vivo em mim, mais que a transparência da visão da janela, eu tinha
ido no alto das montanhas e não me dava conta disso. Apenas sorria - desesperadamente feliz - como quem vive intensamente. Como quem voa, sem
tirar os pés do chão. E sorria deslumbrantemente. Fazia isso até mesmo sem
perceber. Mágica força do pensamento de voar. Voei. E se isso não fosse
felicidade, o que seria transparecer o provável? O que seria grande, se não o brilho insessante que os meus olhos transpareciam? Era sublime. *Nunca me senti tão a par disso tudo. Nunca tinha me emocionado da forma qual eu emocionei escrevendo esse singelo texto. Apenas meus olhos fitaram o inesquecível registo. As palavras apenas moldam agora, o sublime acontecimento, mas não a intensidade de vivênciá-las, como a forma como tal aconteceu. Era formidável.